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Opinião – Paulo Lima*
Primeira Mão Notícias
Desde a antiguidade grega, ficou estabelecido que a Política e as relações por ela estabelecidas são o que define a essência da humanidade. Aristóteles, com sua famosa afirmação de que “o homem é um animal essencialmente político,” ofereceu uma base sólida para argumentar que a Política é a manifestação da vontade humana. Isso contrasta com outras criaturas do reino animal, cujas ações são predominantemente guiadas pelo instinto, direcionado principalmente para a preservação de suas espécies. Esse instinto é, acima de tudo, uma questão de sobrevivência.
O ser humano, por outro lado, não se limita a atender cegamente aos seus instintos. Ele é influenciado e influencia, por meio de suas interações com o ambiente, tanto natural quanto social, o que dá origem ao que conhecemos como cultura. Quando um ser humano se reduz apenas ao cumprimento de seus instintos, perde-se o significado de noções como heroísmo, sacrifício, santidade e virtude. Nesse ponto, ele se iguala aos outros animais, renunciando à sua vontade e se submetendo apenas ao imperativo de manter a continuidade da espécie humana.
Portanto, é fundamental destacar que a ética desempenha um papel crucial no exercício político adequado. É por meio da ética que encontramos os limites que devem guiar a atividade política, seja por parte daqueles encarregados de criar leis, daqueles que devem implementar essas leis ou daqueles que supervisionam o cumprimento das normas legais. A democracia, conforme a concebemos, não pode ser instaurada nem mantida por um período significativo se o bem-estar coletivo for subvertido por outras interpretações da política, nas quais a ética é negligenciada.
O panorama que se desenha diariamente para os cidadãos brasileiros revela a existência de uma crise que afeta não apenas o domínio político, mas também outros aspectos da vida nacional. Embora a crise política seja mais aparente, devido ao seu impacto direto na vida de cada cidadão, é crucial não perder de vista as causas e os processos que nos conduziram à situação atual.
Portanto, estamos diante de uma crise abrangente que se manifesta nas esferas política e ética, e que, por sua vez, nos empurra em direção a uma crise econômica e social. Em alguns setores, essa crise econômica e social apenas agrava os desafios preexistentes, criando um cenário complexo e multifacetado que merece uma atenção cuidadosa e ação decisiva por parte da sociedade como um todo.