Mesmo criticado, Haddad é lembrado pelos bons números do governo na economia

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta segunda-feira (26) que o governo trabalha para reduzir um déficit estrutural herdado de gestões anteriores e que o desafio de equilibrar o Orçamento “é de todos”.

Haddad passou os últimos dias sob críticas pela proposta de aumentar a alíquota do IOF (imposto sobre operações financeiras) na tentativa de levantar recursos para reduzir o déficit.

Nesta segunda, Haddad foi defendido pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, em evento na sede do banco de fomento em alusão ao dia da Indústria.

“Hoje a carga tributária federal, a receita primária federal, é menor do que dez anos atrás. Então nós temos que ter a compreensão de que nós temos desafios a enfrentar, sobretudo em relação ao equilíbrio orçamentário, que como disse o Mercadante, é papel de todos”, disse o ministro.

“Quando a gente olha para as contas e vê que muita despesa foi contratada sem fonte de financiamento, nós temos que compreender que nós temos que honrar os compromissos assumidos pelo Congresso, muitos deles compromissos constitucionais”, completou.

Nesta segunda, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse em seu perfil no X que o Brasil não precisa mais de impostos.

Ele afirmou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está “tentando virar a página de um déficit estrutural”. “O presidente Lula herdou um país com déficit estrutural de 2% do PIB e nós, com apoio de parte do Congresso, estamos conseguindo avançar no sentido de estabilizar o Orçamento e criar as condições macroeconômicas para a indústria voltar a se desenvolver”, afirmou.

Haddad rebateu críticas dizendo que a carga tributária no Brasil já foi bem maior do que a atual. Em entrevista após o evento, ressaltou que a própria alíquota do IOF foi superior em governos anteriores. Disse ainda que a alta na taxa Selic tem efeitos prejudiciais sobre a economia.

“Em 1964, a carga tributária no Brasil era de 16% do PIB. Em 1964, a ditadura militar colocou 10% [10 pontos percentuais] a mais. Foi de 16% para 26% do PIB a carga tributária ao final do período militar. E ela só subiu de 26% para 32% na ocasião da estabilização da moeda, do real. E aí ficou”, disse.

Pouco antes, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Ricardo Alban, havia cobrado de Haddad maior racionalidade com o gasto público e fez um apelo para que o governo não aumente a carga tributária.

“Não podemos mais pensar em carga tributária”, afirmou, dirigindo-se ao ministro. “Temos que ajudar a encontrar racionalidade tributária. Não só as bets, tem as bigh techs, outras alternativas podem ser politicamente difíceis, mas estamos dispostos, queremos e temos a obrigação de contribuir para encontrar os caminhos mais produtivos”, disse.